UM NOVO MUNDO PARA MARGARIDA ???
DIÁRIO DE NOTÍCIAS
SOCIEDADE
PAULA CARMO
13/04/2006
Um novo mundo para Margarida
A Margarida é a primeira criança portuguesa a receber um implante coclear, em simultâneo, nos dois ouvidos, para que ela, agora com 23 meses, possa começar a viver sem as limitações de uma surdez congénita. Os pais, actualmente a viver na ilha da Madeira, começaram muito cedo a estranhar a falta de reacção da bebé aos estímulos sonoros. Inquietaram-se e inicialmente não queriam acreditar que Margarida, traquina e de olho azul vivo, fosse uma criança surda. Apesar da tristeza, os jovens pais não se acomodaram e pediram ajuda. "Sempre a falar para ela na esperança que ela nos ouvisse...", explica a mãe, Elsa Silva.A resposta chegou com a intervenção cirúrgica, inédita no nosso país, realizada pelo cirurgião Fernando Rodrigues, director do serviço de ortorrinolaringologia do Hospital Central do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC). Quatro dias depois da operação, Margarida está a reagir muito bem. Manda beijinhos com as mãos a quem lhe acena um adeus, cumpre a sesta da tarde, sossegadamente, como se nada fosse.Em cada uma das cócleas (parte do ouvido que transforma as vibrações às quais chamamos som em sinais eléctricos que o cérebro interpreta) foram-lhe implantados 22 eléctrodos numa cirurgia que durou três horas. A parte externa deste sistema capta o som ambiente, analisa-o, converte-o em sinais eléctricos que é enviado ao implante coclear localizado debaixo da pele atrás da orelha.Mas para que o aparelho biomédico de alta tecnologia surta efeito, ela tem ainda pela frente um complexo programa educacional, serviço que três professoras de educação especial asseguram, e, também, um programa individual de ajuste do processador que a ajudará a gerar as sensações auditivas.Também na programação este serviço é pioneiro pois noutros países tal procedimento é padronizado para todos os implantados. O especialista de Coimbra é um entusiasta desta cirurgia: "Os implantes cocleares são direccionados para a integração social, na aquisição da oralidade, a ponto de todas as crianças já implantadas estarem a conseguir fazer uma escolaridade normal." Por isso, faz o apelo para que todos os pais e profissionais de saúde detectem precocemente a surdez nas crianças.Apesar de neste serviço a idade média do grupo pediátrico implantado ser o mais baixo da Europa, o cirurgião acredita que é possível ainda fazer melhor no que toca aos resultados da reabilitação auditiva. "Se uma criança chegar aqui com dois anos é bom, com quatro é suficiente, mas a partir daí os resultados podem ser sofríveis", adverte, acrescentando que no CHC, a consulta de surdez infantil tem prioridade, não tem listas de espera. A realizar implantes desde 1985 em adultos e desde 1992 em crianças, Fernando Rodrigues assinala "o apoio exemplar" da actual administração no desbloqueamento de verbas para a compra destes aparelhos, proporcionando a continuação desta cirurgia de implante bilateral em mais casos, já assinalados.
SOCIEDADE
PAULA CARMO
13/04/2006
Um novo mundo para Margarida
A Margarida é a primeira criança portuguesa a receber um implante coclear, em simultâneo, nos dois ouvidos, para que ela, agora com 23 meses, possa começar a viver sem as limitações de uma surdez congénita. Os pais, actualmente a viver na ilha da Madeira, começaram muito cedo a estranhar a falta de reacção da bebé aos estímulos sonoros. Inquietaram-se e inicialmente não queriam acreditar que Margarida, traquina e de olho azul vivo, fosse uma criança surda. Apesar da tristeza, os jovens pais não se acomodaram e pediram ajuda. "Sempre a falar para ela na esperança que ela nos ouvisse...", explica a mãe, Elsa Silva.A resposta chegou com a intervenção cirúrgica, inédita no nosso país, realizada pelo cirurgião Fernando Rodrigues, director do serviço de ortorrinolaringologia do Hospital Central do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC). Quatro dias depois da operação, Margarida está a reagir muito bem. Manda beijinhos com as mãos a quem lhe acena um adeus, cumpre a sesta da tarde, sossegadamente, como se nada fosse.Em cada uma das cócleas (parte do ouvido que transforma as vibrações às quais chamamos som em sinais eléctricos que o cérebro interpreta) foram-lhe implantados 22 eléctrodos numa cirurgia que durou três horas. A parte externa deste sistema capta o som ambiente, analisa-o, converte-o em sinais eléctricos que é enviado ao implante coclear localizado debaixo da pele atrás da orelha.Mas para que o aparelho biomédico de alta tecnologia surta efeito, ela tem ainda pela frente um complexo programa educacional, serviço que três professoras de educação especial asseguram, e, também, um programa individual de ajuste do processador que a ajudará a gerar as sensações auditivas.Também na programação este serviço é pioneiro pois noutros países tal procedimento é padronizado para todos os implantados. O especialista de Coimbra é um entusiasta desta cirurgia: "Os implantes cocleares são direccionados para a integração social, na aquisição da oralidade, a ponto de todas as crianças já implantadas estarem a conseguir fazer uma escolaridade normal." Por isso, faz o apelo para que todos os pais e profissionais de saúde detectem precocemente a surdez nas crianças.Apesar de neste serviço a idade média do grupo pediátrico implantado ser o mais baixo da Europa, o cirurgião acredita que é possível ainda fazer melhor no que toca aos resultados da reabilitação auditiva. "Se uma criança chegar aqui com dois anos é bom, com quatro é suficiente, mas a partir daí os resultados podem ser sofríveis", adverte, acrescentando que no CHC, a consulta de surdez infantil tem prioridade, não tem listas de espera. A realizar implantes desde 1985 em adultos e desde 1992 em crianças, Fernando Rodrigues assinala "o apoio exemplar" da actual administração no desbloqueamento de verbas para a compra destes aparelhos, proporcionando a continuação desta cirurgia de implante bilateral em mais casos, já assinalados.
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