19 abril 2008

CÃO PARA SURDOS

FONTE: ACESSIBILIDADE


O primeiro cão para surdos, educado pela Ânimas (Associação Portuguesa para a Intervenção com Animais de Ajuda Social), será entregue a um casal de surdos profundos bi-laterais, escreve a agência Lusa. De acordo com a presidente da instituição com sede no Porto, Liliana de Sousa, o cão foi educado durante sete meses.

Armando e Glória Baltazar, residentes em Valongo, recebem no próximo domingo a cadela Lana, raça Pekinois. A cerimónia será realizada na Quinta do Côvo em Oliveira de Azeméis, na qual está prevista a presença da secretária de Estado Adjunta da Reabilitação, Idália Moniz.

«O treino da cadela foi orientado para ajudar pessoas surdas nas tarefas diárias básicas, mas também em outras complementares», disse Liliana de Sousa. Após o treino, a cadela ficou em condições de «identificar, chamar, indicar fontes sonoras, como o micro-ondas, a campainha da porta ou um alarme de incêndio»

Segundo a presidente da Ânimas, os cães para estas funções podem ser de qualquer raça desde que «não tenham menos de sete meses, possuam um temperamento não agressivo e tenham uma sensibilidade auditiva média».

O presidente da Associação de Surdos do Porto (ASP), Ângelo Costa, defende que o Estado deve comparticipar «na base das ajudas técnicas» os interessados em adquirir cães de assistência a surdos. «É um passo importante para uma maior autonomia das pessoas surdas, em especial nos locais públicos onde a sinalização - sobretudo a de alarme - ainda é maioritariamente sonora», salientou o presidente da ASP.

A cadela que «fala» com surdos

Quando a campainha toca a Lana salta para as pernas dos donos dando sinal que está alguém à porta. Reagindo aos sons da campainha, do alarme de incêndio e do micro-ondas, a cadela avisa, da forma como foi instruída, qual o motivo do seu sobressalto, escreve Fernando Pinho da agência Lusa.

Lana é o mais «fiel amigo» de Armando e Glória Baltazar. «Vamos ter uma maior autonomia em todas as nossas actividades, porque a Lana vai dar-nos mais segurança quer em casa quer nas muitas deslocações que fazemos», afirma Armando, reformado bancário de 57 anos.

Educada por Hugo Roby, técnico da Ânimas, a Lana, que já vivia com o casal há dois anos e meio, reúne as características para as novas funções. «Um cão para este tipo de assistência tem que ter um grande equilíbrio auditivo, não se assustando com os sons, mas não lhes ficando indiferente», explicou o instrutor. Testes de carácter, sensibilidade auditiva e grau de agressividade são fundamentais para seleccionar um cão adequado a este serviço.

A Lana tem esse perfil e, por isso, «a adaptação está a ser fantástica, pois a cadela é muito inteligente e sensível», frisou Glória, funcionária de uma instituição bancária de 56 anos.

Com boletim e certificado, a cadela tem obrigatoriamente que ter um colete com a inscrição «cão de assistência», o que lhe permite circular em espaços públicos.

«Estamos imensamente felizes, porque quisemos ser pioneiros e servir de exemplo à comunidade surda», afirmou Armando Baltazar, esperançado que outros sigam este exemplo e convicto da compreensão da sociedade quanto ao uso destes cães.

Cerca de um ano após o casal ter contactado a Ânimas através da Associação de Surdos do Porto candidatando-se a ter um animal educado para este tipo de apoio, Armando e Glória Baltazar vão receber de braços abertos a Lana, agora já treinada como cão de assistência.

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