24 junho 2006

CRIANÇAS FAZEM-SE PASSAR POR SURDOS PARA BURLAR

DIÁRIO DE NOTÍCIAS

24/6/2006

SOCIEDADE

Crianças fazem-se passar por surdos para burlar

Céu Neves

Crianças e adolescentes, fazendo-se passar por surdos-mudos, abordam as pessoas junto às estações de metropolitano e vias movimentadas da região de Lisboa pedindo-lhes dinheiro para a construção de um centro. Há quem dê uma nota de cinco ou dez euros e, ainda por cima, assine uma folha e escreva o nome e o número de telefone. E assim, ingenuamente, caem em mais um conto do vigário, praticado por romenos, a maioria ilegais.Não é a primeira vez que surge este tipo de pedintes. Apareceram no início do ano, inicialmente em Cascais, e voltaram a surgir mais recentemente e até em maior número. Escolhem o Metro no Marquês de Pombal, Restauradores, Sete Rios, Laranjeiras e Colégio Militar, mas também aparecem fora deste circuito, como na Rua Augusta, no Calvário, junto ao Instituto Superior Técnico e no Parque das Nações. A direcção da Associação Portuguesa de Surdos (APS) diz que apresentou queixa junto da PSP, mas o gabinete de relações públicas do Comando Metropolitano de Lisboa garante que não tem registos da APS. E acrescenta: "São situações pontuais, não estão quantificados. Houve denúncias e uma ou outra situação em que os jovens foram identificados, levados ao Tribunal de Menores. O dinheiro foi apreendido." O militar da PSP revela que são romenos, a maioria ciganos ilegais. De burla em burla, transitam entre a Roménia e países da UE, nomeadamente Portugal e Espanha, e alteram o "negócio" à medida que deixa de ser lucrativo. Começaram como pedintes, passaram à lavagem dos vidros dos carros, transitaram para a venda da revista dos sem-abrigo, a Cais, e agora utilizam as crianças, na maioria do sexo feminino, na "angariação de fundos". É uma carrinha que os vai distribuindo por Lisboa.O modo de actuação destas crianças - aparentemente, entre os seis e os 18 anos - é engenhoso, sobretudo para quem não fala a língua local. Aproximam-se das pessoas com uma folha igual a um abaixo-assinado, uma caneta e, por gestos e sinais, pedem-lhes que assinem. No cabeçalho lê-se: "Certificado Regional para Incapacitados Surdos e Mudos e Crianças Pobres", além de um número de telemóvel: 93 424 17 85. Quem se prontifica a deixar os dados só depois se apercebe de que há uma coluna a indicar a quantia doada. Os jovens não estão identificados, a organização não está registada e o número de telefone está sempre ocupado. A Optimus informa que está activado, mas, por questões de sigilo, não pode dizer se está desligado ou se fez os carregamentos. Jorge Morgado, da associação de consumidores Deco, explica o facto de tanta gente dar dinheiro com a disponibilidade dos portugueses para se mobilizarem em campanhas de solidariedade. E adverte: "Há uma atitude de ingenuidade relativamente a estas coisas e as pessoas nem sequer pedem a identificação. Quando têm dúvidas devem pedir os dados, o número de telefone, não darem dinheiro sem saberem para que é e denunciar à PSP."

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Eu fui "apanhado".
Enfim, mais uma vez a polícia pouco faz para evitar estas situações.

Continuem a alertar todas as pessoas para evitar que pessoas com bom íntimo sejam enganadas.

Um bem haja a todas as pessoas.

19 janeiro, 2009 16:27  

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