21 setembro 2007

LINGUAGEM GESTUAL AO DOMICÍLIO...


Fonte janeiro
Dois bebés surdos em projecto inovador
Línguagem gestual ao domicílio...

A Joana tem 15 meses e está a aprender a falar, o que, no seu caso, requer métodos especiais. A menina é surda e beneficia de um projecto inovador: os

«professores» vão a casa ensinar a família. Depois do diagnóstico, os pais procuram alternativas de interacção com a menina.

Quando fez um ano, Joana recebeu dois aparelhos auditivos, «brinquedos» que meses depois já se acomodaram à rotina da família ainda mal refeita da notícia

da surdez da menina. Joana, 15 meses, é uma das duas crianças que beneficiam do apoio domiciliário a bebés surdos do Instituto Jacob Rodrigues Pereira

da Casa Pia de Lisboa, um projecto em fase experimental que quer introduzir os bebés surdos e os seus familiares na língua gestual. Os pais, Ana e Rafael,

há algum tempo que desconfiavam das dificuldades auditivas da pequena Joana. “A confirmação chegou no dia dos meus anos. Ficámos em choque”, disse a mãe

à agência Lusa durante uma das sessões semanais que Joana tem com uma educadora de infância, também surda, e com uma terapeuta da fala.

Aconselhados pela equipa de otorrinolaringologia do Hospital D. Estefânia a recorrer ao uso de próteses para estimular a audição, Ana e Rafael são incansáveis

na busca de alternativas de interacção com a pequena Joana, que sabem nunca deixará de ser surda. “Os aparelhos foram prenda do primeiro aniversário”,

brinca Ana, um presente de 3.200 euros a que a Joana “se habituou bem”, mas com os quais, por vezes, é difícil resistir a brincar. Foi também através do

Hospital D. Estefânia que Ana e Rafael chegaram ao projecto do Instituto Jacob Rodrigues Pereira. “Queríamos saber tudo o que havia, achámos que apesar

de o serviço ainda não ter sido testado tudo era válido”, disse Rafael.
Assim, desde 15 de Junho que a Joana, os pais e a irmã Rita, de quatro anos, aprendem a comunicar em Língua Gestual Portuguesa, consagrada na Constituição

fez ontem exactamente dez anos, e a desenvolver na bebé as capacidades (auditivas, de leitura labial e de conhecimento da língua) que lhe permitirão o

acesso à comunicação através da fala. Todas as semanas, Marta Morgado, educadora de infância surda, e Filipa Teixeira Lopes, terapeuta da fala, rumam a

casa de Joana, em Carcavelos, para sessões com a criança. Joana, que começou há poucas semanas a andar, dá também os primeiros «passos» na língua gestual,

e os pais não têm dúvidas de que já percebe que é nas mãos que está a comunicação e que já “só «ouve» o que lhe interessa”.

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Dia-a-dia
(Quase) Normal
As sessões de língua gestual exigem maior disponibilidade a Ana e Rafael, ela advogada e ele técnico de televisão, mas tirando isso pouco ou nada se alterou

nas rotinas diárias. A Joana ri, chora e brinca como uma criança que ouve, sendo apenas preciso olhar sempre de frente para ela, revela Ana, que faz questão

de nunca deixar instalar o silêncio na relação com a filha. “Falo sempre com ela, os gestos são sempre acompanhados de palavras”, diz. O casal afirma-se

hoje “muito mais sossegado” em relação ao futuro da filha, sobretudo depois de ter conhecido a educadora de infância surda, que acompanha a Joana.

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