ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
REVISTA "VISÃO" Nº 687-4 A 10 MAIO 2006
SOCIEDADE
SAÚDE
FLORBELA ALVES
ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
Uma técnica aplicada no Hospital Maria Pia,no Porto,revoluciona a vida de crianças e jovens com surdez parcial
Assim que Nuno Gonçalo,7 anos,colocou a BAHA(sigla em inglês para prótese auditiva osteo-ancorada)por detrás do ouvido esquerdo,não parou de rir às gargalhadas.Pela primeira vez na vida,escutava o som estridente das suas risadas."Foi extraordinário e comovente",recorda a mãe,Ana Paula Sousa,39 anos.Para esta professora de Biologia,aquele dia de Novembro passado marcou uma vitória,depois de tempos infindos a tentar solucionar as dificuldades de audição do filho,de natureza congénita,que o levaram a "regredir na linguagem,a isolar-se dos colegas e a não ter autoconfiança".
A luz ao fundo do túnel surgiu no Hospital de Crianças Maria Pia(HCMP),no Porto,onde Nuno era acompanhado nas consultas de otorrinolaringologia desde os 3 anos,altura em que a educadora do infantário alertou Ana Paula para o comportamento do filho.
Detectado o problema - mais um na vida de Nuno,que já tinha sido operado ao coração,com apenas 6 meses - ,as viagens entre Felgueiras,onde reside,e o Porto tornaram-se constantes.Não foram em vão.
Uma em cada 10 mil crianças nasce com malformações congénitas do ouvido externo ou médio.Outra situação é da deficiência auditiva provocada por infecções repetidas.As dificuldades de audição podem chegar aos 50% e não se resolvem com próteses convencionais. "Deparámo-nos com um número significativo de casos para os quais não tinhamos solução2,explica o médico Miguel Coutinho,44 anos,responsável pelo serviço de otorrino de HCMP.
Até que,há três anos,o Maria Pia,o único hospital público do País a fazê-lo,começou a colocar em doentes seus a BAHA - o pequeno aparelho que deu um mundo novo a Nuno Gonçalo.O processo é simples:inicia-se com um implante de titânio na mastóide,osso situado por detrás da orelha.Então,o som,captado por aquele aparelho,chega,por condução óssea,ao ouvido interno.Há uma só pré-condição - a aplicação da BAHA apenas se faz em crianças a partir dos 5 anos,quando a mastóide apresenta espessura suficiente.
Aumentar a capacidade
Com uma média de 12 crianças operadas por ano,o HCMP já pediu ao Governo um reforço de verbas para tratar 16,em 2006.Mas o médico Miguel Coutinho vai mais longe:diz que o Maria Pia está disponível para receber jovens,de qualquer ponto do País,que necessitem da BAHA."Se podemos resolver estes problemas aqui,porquê mandá-los para o estrangeiro?",pergunta o otorrino.
Cada tratamento custa 9 mil euros,o valor dos benefícios na qualidade de vida destes deficientes auditivos.Tome-se outro exemplo - o de Cátia Pinheiro,17 anos.Desde pequena,sofria de otites que lhe diminuíram em 30% a audição.No final de 2005,decidiu apostar na BAHA.Resultados?"Assustei-me quando ouvi,na cozinha,o som do frigorífico.Nunca o tinha escutado,assim como o tiquetaque dos relógios",conta a estudante do 12º ano.Falta-lhe cumprir um sonho sempre adiado pelos frágeis tímpanos - aprender a nadar."Vai ser",garante,"neste Verão."
DAR VOZ AO OUVIDO
A colocação da prótese auditiva osteo-ancorada faz-se em três fases
1 - Um implante de titânio é cirurgicamente aplicado na mastóide,osso situado por detrás da orelha.Nos três a seis meses seguintes,decorrerá o processo de osteo-integração,passando o implante a fazer parte do próprio osso.
2 - Nova cirurgia introduz,no implante de titânio,um pequeno pilar externo,onde se fixará a prótese
3 - Quatro a seis semanas depois,é colocada a prótese.O som chega por condução óssea ao ouvido interno,através do implante de titânio na mastóide.Evitam-se,assim,os obstáculos existentes nos ouvidos externo e médio
SOCIEDADE
SAÚDE
FLORBELA ALVES
ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
Uma técnica aplicada no Hospital Maria Pia,no Porto,revoluciona a vida de crianças e jovens com surdez parcial
Assim que Nuno Gonçalo,7 anos,colocou a BAHA(sigla em inglês para prótese auditiva osteo-ancorada)por detrás do ouvido esquerdo,não parou de rir às gargalhadas.Pela primeira vez na vida,escutava o som estridente das suas risadas."Foi extraordinário e comovente",recorda a mãe,Ana Paula Sousa,39 anos.Para esta professora de Biologia,aquele dia de Novembro passado marcou uma vitória,depois de tempos infindos a tentar solucionar as dificuldades de audição do filho,de natureza congénita,que o levaram a "regredir na linguagem,a isolar-se dos colegas e a não ter autoconfiança".
A luz ao fundo do túnel surgiu no Hospital de Crianças Maria Pia(HCMP),no Porto,onde Nuno era acompanhado nas consultas de otorrinolaringologia desde os 3 anos,altura em que a educadora do infantário alertou Ana Paula para o comportamento do filho.
Detectado o problema - mais um na vida de Nuno,que já tinha sido operado ao coração,com apenas 6 meses - ,as viagens entre Felgueiras,onde reside,e o Porto tornaram-se constantes.Não foram em vão.
Uma em cada 10 mil crianças nasce com malformações congénitas do ouvido externo ou médio.Outra situação é da deficiência auditiva provocada por infecções repetidas.As dificuldades de audição podem chegar aos 50% e não se resolvem com próteses convencionais. "Deparámo-nos com um número significativo de casos para os quais não tinhamos solução2,explica o médico Miguel Coutinho,44 anos,responsável pelo serviço de otorrino de HCMP.
Até que,há três anos,o Maria Pia,o único hospital público do País a fazê-lo,começou a colocar em doentes seus a BAHA - o pequeno aparelho que deu um mundo novo a Nuno Gonçalo.O processo é simples:inicia-se com um implante de titânio na mastóide,osso situado por detrás da orelha.Então,o som,captado por aquele aparelho,chega,por condução óssea,ao ouvido interno.Há uma só pré-condição - a aplicação da BAHA apenas se faz em crianças a partir dos 5 anos,quando a mastóide apresenta espessura suficiente.
Aumentar a capacidade
Com uma média de 12 crianças operadas por ano,o HCMP já pediu ao Governo um reforço de verbas para tratar 16,em 2006.Mas o médico Miguel Coutinho vai mais longe:diz que o Maria Pia está disponível para receber jovens,de qualquer ponto do País,que necessitem da BAHA."Se podemos resolver estes problemas aqui,porquê mandá-los para o estrangeiro?",pergunta o otorrino.
Cada tratamento custa 9 mil euros,o valor dos benefícios na qualidade de vida destes deficientes auditivos.Tome-se outro exemplo - o de Cátia Pinheiro,17 anos.Desde pequena,sofria de otites que lhe diminuíram em 30% a audição.No final de 2005,decidiu apostar na BAHA.Resultados?"Assustei-me quando ouvi,na cozinha,o som do frigorífico.Nunca o tinha escutado,assim como o tiquetaque dos relógios",conta a estudante do 12º ano.Falta-lhe cumprir um sonho sempre adiado pelos frágeis tímpanos - aprender a nadar."Vai ser",garante,"neste Verão."
DAR VOZ AO OUVIDO
A colocação da prótese auditiva osteo-ancorada faz-se em três fases
1 - Um implante de titânio é cirurgicamente aplicado na mastóide,osso situado por detrás da orelha.Nos três a seis meses seguintes,decorrerá o processo de osteo-integração,passando o implante a fazer parte do próprio osso.
2 - Nova cirurgia introduz,no implante de titânio,um pequeno pilar externo,onde se fixará a prótese
3 - Quatro a seis semanas depois,é colocada a prótese.O som chega por condução óssea ao ouvido interno,através do implante de titânio na mastóide.Evitam-se,assim,os obstáculos existentes nos ouvidos externo e médio
2 Comentários:
No Brasil não são feitas a OSTEO-INTEGRAÇÃO, porque a ANVISA não autoriza a importação do aparelho.
Que providencia, nós que mal ouvimos, podemos tomar para cobrar essa autorização?
que fazer?
obrigada
Jussara Teixeira Leme
sou potadora da sindrome de usher e me enteressei pela BAHA assim q meu medico falou, porem naum sei como posso encontra-la. Ha representantes no pais ja... sou de sao paulo e tenho 23 anos. se puderem me ajudar ficarei mto grata. segue meu emai... vamos lutar juntos pelo acesso a vida de tds. paulahartcopfe@yahoo.com.br
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