18 abril 2007

BÁRBARA GUIMARÃES DIALOGA COM UM SURDO-MUDO E UM CEGO

DIÁRIO DE NOTÍCIAS


TELEVISÃO


18/4/2007
Bárbara Guimarães dialoga com um surdo-mudo e um cego



"O meu convidado é uma pessoa muito especial, porque tem uma capacidade extraordinária em lidar com o silêncio. Vive num mundo onde não existem sons." É desta forma que a apresentadora Bárbara Guimarães inicia o programa Páginas Soltas (transmitido diariamente na SIC Notícias, há já cinco anos), no qual João Alberto Ferreira, presidente da Associação Portuguesa dos Surdos, é o convidado.

Pela primeira vez na história do programa, estão três pessoas sentadas à mesa. A apresentadora, o surdo-mudo e a sua intérprete, Alexandra Ramos (presença habitual no programa Fátima e o elo de comunicação entre os dois primeiros).

"É a primeira vez que faço isto", brinca a apresentadora, enquanto aproveita os últimos minutos para aprender alguns gestos essenciais, como um simples "até amanhã".

Ao longo dos 12 minutos habituais, a conversa recai nas dificuldades rotineiras da vida de um surdo. "Os entraves que nós sentimos, enquanto surdos, estão bem explícitos no livro do também surdo Yves Lapalu, Léo, o Puto Surdo. Só para exemplificar, no metro não conseguimos ouvir o sinal de alarme do fecho das portas e às vezes assustamo-nos", explica Alberto Ferreira, que se formou como desenhador.

O mundo da televisão foi também debatido, nomeadamente acerca do quadrado que aparece no canto inferior direito do ecrã, onde um tradutor facilita a vida à comunidade de surdos. Para João Alberto Ferreira, não é bem assim. "Não se consegue apreender quase nada, obriga-nos a estar a um metro do televisor. Nesse aspecto, as legendas são um método muito mais eficaz", acrescenta.

O programa é transmitido na próxima segunda-feira, dia 23, assi- nalando o Dia Nacional da Educação de Surdos. Se sintonizar, não pense que tem o volume da televisão bai- xo. O programa vai para o ar sem qualquer som, apenas legendado.

"O surdo, mais do que aquele que não ouve, é aquele que não quer ouvir", remata Bárbara Guimarães, já no final do programa.

Na sexta-feira, o Páginas Soltas segue a mesma tendência, com a entrevista a José Esteves Correia, invisual e presidente da ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal). Nos últimos minutos do programa, a luz apaga-se e apenas se ouve a voz da apresentadora. "Queria que fosse assim o programa todo, mas a televisão vive da imagem e, como tal, não me deixaram", explicou a apresentadora ao DN. |
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